Um lugar silencioso é um daqueles filmes gostosos de assistir e de ouvir, confira nossa crítica sobre esse belo suspense.
No ano passado tivemos um filme inovador quanto ao seu som, Dunkirk, cuja mixagem rendeu um oscar. Um lugar silencioso tem tudo para ser comparável à Dunkirk no quesito inovação, quando imerge o espectador em um universo de silêncio onde até mesmo o som de um tecido arrastando-se no chão pode ser um elemento assustador.
Um lugar silencioso é uma película que expõe a sobrevivência dramática de uma família em um local tomado por criaturas, que não se sabe de onde vêm, cegas porém sensíveis a qualquer som emitido ainda que à distância.
O fato de não saber o lugar de origem das criaturas é um incentivo à imaginação de quem assiste, o que contribui para a identificação maior com a história, alguns podem imaginar que sejam extraterrestres, outros que sejam frutos de experiências de cientistas malucos da área 51, tudo de acordo com as suas referências e gostos pessoais, na minha opinião é um dos pontos mais fortes do filme.
O ponto que rege o filme, o silêncio, é muito bem trabalhado em parceria com a mixagem nos momentos em que o som se faz presente.
O primeiro ato, que apresenta os personagens e ambienta quem assiste naquele universo, é de um silêncio sepulcral que firma de imediato a preocupação em emitir o mínimo de som possível, a introdução é de suma importância para a impressão de tensão que o silêncio provoca, pois cada barulho passa a ser mais intenso, desde brinquedos barulhentos à pilha, ao atrito de grãos de milho.
Destaque especial também para a trilha de Marco Beltrami, compositor dos filmes Pânico, e sua semelhança com as batidas do coração, que cria todo um sentimento de ansiedade.
A direção de arte imprime muito bem o caráter apocalíptico que o filme possui, seu ponto de destaque são as diversas folhas de jornal com manchetes sobre as criaturas causadoras de todo o mal, que dão informações preciosas para a produção de sentido sem comprometer a parte imaginativa do espectador e sem que os personagens tenham que explicar.
A fotografia é escura, mesmo de dia o rosto dos personagens é tomado por uma sombra que parece os acompanhar, como as criaturas que estão sempre à espreita.
Destaque para o uso das luzes externas por parte da família para enviar recados à distância, a luz vermelha utilizada para sinalizar o perigo máximo tem uso além do que foi destinado pelo roteiro, imprime a continuidade do perigo mesmo após a cena que caracteriza seu uso principal.
As criaturas aparentemente guardam referências dos lickers do Resident Evil com uma pitada de Cloverfield Monstro e sua estrutura auditiva quando mostrada é um exemplo do bom uso do CGI no terror e ficção científica.
Destaco por último o uso da língua de sinais em boa parte do filme e a importância da personagem surda para o contexto, um lembrete da existência de um grupo marginalizado da população.
Um lugar silencioso é um exemplo de como o terror pode inovar, de como pode evoluir para algo que fuja da mesmice que está na cabeça dos preconceituosos com o cinema de gênero.
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