Olá, pessoal, hoje o Demonstre resolveu trazer 10 poesias sobre diversidade. Nosso objetivo é levar mensagens de respeito às diferenças, e conscientizar o leitor de que, acima de tudo, somos todos seres humanos. São poemas que tratam de cores, etnias, tribos, e o respeito que todas merecem.
Tendo em mente que a diversidade não se resume a algo específico, foram selecionadas poesias que abrangem temas como a sexualidade, etnias, cor de pele, cultura etc.
São poemas que retratam a beleza do diferente, a importância de plurais coexistindo em harmonia, e, além disso, propagam o respeito mútuo.
Conhecido por ser um parceiro assíduo do programa de TV Encontro com Fátima Bernardes, Bráulio Bessa escreve cordéis sobre vários temas. Seu cordel sobre diversidade foi escolhido para ser a primeira poesia da nossa lista.
Seja menos preconceito, seja mais amor no peito
Seja Amor, seja muito mais amor.
E se mesmo assim for difícil ser
Não precisa ser perfeito
Se não der pra ser amor que seja pelo menos respeito.
Há quem nasceu pra julgar
É há quem nasceu pra amar
E é tão difícil entender em qual lado a gente está
Que o lado certo é amar!
Amar pra respeitar
Amar para tolerar
Amar para compreender,
Que ninguém tem o dever de ser igual a você!
O amor meu povo,
O amor é a própria cura, remédio pra qualquer mal.
Cura o amado e quem ama
O diferente e o igual
Talvez seja essa a verdade
Que é pela a anormalidade que todo amor é normal.
Não é estranho ser negro, o estranho é ser racista.
Não é estranho ser pobre, o estranho é ser eletista.
O índio não é estranho, estranho é o desmatamento.
Estranho é ser rico em grana, e pobre em sentimento.
Não é estranho ser gay, estranho é ser homofóbico.
Nem meu sotaque é estranho, estranho é ser xenofobico.
Meu corpo não é estranho, estranho é a escravidão que aprisiona seus olhos na grade de um padrão.
Minha fé não é estranha, estranho é a acusação, que acusa inclusive quem não tem religião.
O mundo sim é estranho, com tanta diversidade
Ainda não aprendeu a viver em igualdade.
Entender que nós estamos
Pecorrendo a mesma estrada.
Pretos, brancos, coloridos
Em uma só caminhada
Não carece divisão por raça, religião
Nem por sotaque
Oxente!
Sejam homem ou mulher
Você só é o que é
Por também ser diferente.
Por isso minha poesia, que sai aqui do meu peito
Diz aqui que a diferença nunca foi nenhum defeito.
Eu reforço esse clamor:
Se não der pra ser amor, que seja ao menos respeito!
As próximas poesias declamam a pluralidade brasileira. São dois sonetos um pouco diferentes dos demais, escritos por Sonia Nogueira. Poetisa brasileira, natural de Jaguaruana, Ceará, Sonia já venceu vários concursos literários, e colabora com alguns jornais.
Brasil de colorido intenso, vibrante,
Dos povos variados fiéis às raças.
Branco, preto, mulato, pardo, amante,
Trouxe em cada cultura saber e graça.
Unidos num só dialeto, o português.
Em cada conhecimento uma criação,
Em cada aprendizado nato à altivez,
Elevando o país, espalhando emoção.
Transmite de geração a geração,
Um tributo nato das habilidades.
Saberes nas artes, crenças, religião,
Leva na bagagem sonhos, liberdades.
A pluralidade da cultura brasileira,
Vemos na garra da gente guerreira.
Vemos na garra da gente guerreira,
No artesanato, com mãos de fada,
Festas carnavalescas sem fronteiras,
Encantando o turista em revoada.
No canto em sinfonias variadas,
A culinária em sabores distintos,
No barro as esculturas projetadas,
A fé, a cura, nos templos Divinos.
Cultura, expressão maior da nação
Portal de entrada que se alastra.
Levamos estampados na construção,
Nos costumes, imbuído na pilastra.
Como um troféu do país progresso.
Que seja a cultura lema do sucesso.
Escritora infantil consagrada, Ruth Rocha também versejou sobre as diferenças. Em seu poema Pessoas São Diferentes, ela mostra ,de forma lúdica, como crianças são diferentes umas das outras, como cada uma em sua individualidade tem seu valor. O poema está acompanhado de um vídeo d’As Trovadoras.
São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes…
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!
Também escritora infanto-juvenil, Tatiana Belinky deixou seus versos sobre diversidade. Em seu poema, ela aponta as diferenças entre pessoas: personalidade, características físicas, cor de pele etc. Ainda conclui o poema afirmando quão bom é sermos diferentes.
Um é feioso,
Outro é bonito
Um é certinho
Outro, esquisito
Um é magrelo
Outro é gordinho
Um é castanho
Outro é ruivinho
Um é tranquilo
Outro é nervoso
Um é birrento
Outro dengoso
Um é ligeiro
outro é mais lento
Um é branquelo
Outro sardento
Um é preguiçoso
Outro, animado
Um é falante
Outro é calado
Um é molenga
Outro forçudo
Um é gaiato
Outro é sisudo
Um é moroso
Outro esperto
Um é fechado
Outro é aberto
Um carrancudo
Outro, tristonho
Um divertido
Outro, enfadonho
Um é enfezado
Outro é pacato
Um é briguento
Outro é cordato
De pele clara
De pele escura
Um, fala branda
O outro, dura
Olho redondo
Olho puxado
Nariz pontudo
Ou arrebitado
Cabelo crespo
Cabelo liso
Dente de leite
Dente de siso
Um é menino
Outro é menina
(Pode ser grande
ou pequenina)
Um é bem jovem
Outro, de idade
Nada é defeito
Nem qualidade
Tudo é humano,
Bem diferente
Assim, assado
Todos são gente
Cada um na sua
E não faz mal
Di-ver-si-da-de
É que é legal
Vamos, venhamos
Isto é um fato:
Tudo igualzinho
Ai, como é chato!
Na poesia Pluralidade Cultural, Juarês Alencar Pereira – autor de literatura de cordel – abrange a diversidade regional brasileira. Ele explicita a cultura própria de cada região mencionada, mostrando como isso enriquece o Brasil como um todo.
O nosso país é exemplo
Da grande diversidade
Por sua rica cultura
Sinal de brasilidade
Com todas as diferenças
Mostra a sua pluralidade.
Terra dos muitos sotaques
Cores e manifestações
E com as várias etnias
Preservando as tradições
As diferenças existem
Entre as várias regiões.
Nordestino fala oxente
Que é próprio da região
O mineiro fala uai…
Com muita satisfação
O gaúcho já fala thê
E numa forte expressão.
Com todas as etnias
Que presentes aqui estão
O negro, branco e índio
Formaram esta nação
Os brasileiros são frutos
Desta miscigenação.
O Brasil é um grande palco
De bela apresentação
Do frevo, samba e forró
Carnaval e folião
Ciranda e Coco de roda
Xote, xaxado e baião.
É o país do futebol
Do ritmo e religião
Do regue e bumba meu boi
Presentes no Maranhão
Do alegre axé da Bahia
Com toda a animação.
Tem a festa do divino
Que é muito popular
Tem a folia de reis
Maracatu pra dançar
Além da bela catira
E o belo boi bumbá.
A nossa cultura é rica
Pois tem forte tradição
Na música e na poesia
E também na religião
Carnaval e futebol
É verdadeira paixão.
A cultura religiosa
Demonstra a fé popular
Romarias a padre Cícero
Grande Sírio no Pará
Procissão do fogaréu
Faz Goiás iluminar.
Terra das vaquejadas
Das festas de apartação
Famosas pegas de boi
Que existem no sertão
Vaqueiros e repentistas
Fazem sua louvação.
As festas de boiadeiros
De cowboy e de peão
Grande festa de rodeio
Que causa admiração
Com locutores famosos
Que falam com emoção.
Famosas festas juninas
É uma grande tradição
No nordeste brasileiro
É a maior animação
Fogueira e milho assado
Quadrilha, forró e quentão.
Lá pras banda da Amazônia
Bem no meio da floresta
Caprichoso e Garantido
Fazem a maior festa
Os turistas que lá vão
Diz não ter outra como esta.
Esse é o país da alegria
É cheio de sonoridade
Tem rimo de todo jeito
Forte musicalidade
Sendo um misto de beleza
É sua própria identidade.
Terra dos vários sabores
Com culinária aprovada
Pamonha e acarajé
Pé de moleque, feijoada
Baião de dois, tapioca
Carne de sol, galinhada.
Tem pato no tucupi
E também no tacacá
Tem churrasco com fartura
E o gostoso mungunzá
O chimarrão lá no sul
E na Bahia o vatapá.
Nossa cultura é marcada
Pelos afro-descendentes
Um povo de muita garra
E de coração valente
Que migraram lá da África
Para o nosso continente.
Os nativos do Brasil
Ameríndios brasileiros
Foram quase exterminados
Pelos brancos estrangeiros
Relutaram e sobrevivem
Povo forte e verdadeiro.
Amamos esse Brasil
ETA país arretado
Expresso em alta voz
Falo pra todo lado
Não importa a região
Nem tão pouco o Estado.
Pode ser aqui no Norte
Ou também lá no Nordeste
Até no longínquo Sul
Ou lá no rico Sudeste
Em todo lugar é bom
Inclusive o Centro-oeste.
Em todo lugar é bom
Dá gosto aqui viver
Esse país é tão grande
Tem riquezas pra valer
E pra ele ser melhor
Falta à corrupção varrer.
Esse é um breve relato
Da nossa pluralidade
O Brasil é um país
Que tem sua identidade
Mostra em todos os ritmos
A sua originalidade.
E não poderia faltar nesta lista poesias sobre a diversidade sexual. Por isso, foram selecionados dois poemas de Virgínia Guitzel. Travesti e militante, Virgínia aborda os tabus acerca da sexualidade.
Faltará tinta
No dia que o céu for livre
Pra todos serem o que são
Cobertos pelo sol, sem nenhum tipo de opressão
Faltará nomes
Pra descrever o mundo sem as misérias
O que sentimos, o que nos tornamos
O novo ser sem medo de viver
Faltará a falta que nos entristece
Que hoje enche o peito de vazio e fumaça
Não faltará amor, não faltará sonhos
O novo mundo se abrirá para o futuro
Onde o presente dominará o passado
E nossos corações enfim serão salvos
Risadas sem graça
Incômodo próprio
Imagina ou entende?
Riem dele
Porque riram de mim
Disseram algo,
Mais ou menos assim
Onde já se viu
Rapaz tão bonito
Com aquele traveco ali?
Se ouviu
Não sei, também não importa
A coragem que lhe faltou
Eu não tive escolha
Sempre por conta
Sei
Ha que resistir
A poesia a seguir, Diversidade Cultural, de Marta Ramos, retrata o quanto somos iguais, ainda que diferentes. Mostra a importância de estarmos unidos como, acima de tudo, seres humanos.
Todos iguais,
Todos diferentes.
Diferenças são o que nos separam,
Pequenas diferenças que dividiram
o mundo,
Opondo humanos contra humanos
Que frente a frente lutaram
E tudo mudaram.
A mudança foi grande,
Os antigos tempos de discriminação
Vencidos foram
Nascendo uma nova Era,
Uma Era de esperança e igualdade.
Em que humanos em necessidade são socorridos
Por cidadãos voluntários
Estes põem em risco as suas vidas
Defendendo assim os seus valores primários.
Para finalizar, segue abaixo a letra da música Diversidade, de Lenine.
Foi pra diferenciar
Que deus criou a diferença
Que irá nos aproximar
Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença
Que seria do adeus
Sem o retorno
Que seria do nu
Sem o adorno
Que seria do sim
Sem o talvez e o não
Que seria de mim
Sem a compreensão
Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença
A humanidade caminha
Atropelando os sinais
A história vai repetindo
Os erros que o homem tras
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais
Que seria do caos
Sem a paz
Que seria da dor
Sem o que lhe apraz
Que seria do não
Sem o talvez e o sim
Que seria de mim…
O que seria de nós
Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença
Como algumas poesias acima já mostraram, seria muito chato se fôssemos todos iguais. Temos personalidades diferentes, aparências diferentes, religiões, culturas, costumes diferentes. Contudo, temos muito em comum. Somos seres que lutam pelo mesmo objetivo: felicidade. O Demonstre espera que todos aprendamos a conviver com o que (ou quem) é, de certa forma, “estranho” aos nossos olhos, e (conforme versejou Bráulio) se não pudermos amar, que possamos respeitar.
Um site que aborda Literatura
Amei muito rico.