Olá pessoal, José de Castro será nosso entrevistado da vez do programa Poetas Brasileiros. Espero que gostem da poesia do José de Castro!
José de Castro é poeta, escritor e jornalista mineiro, que vive em Natal há mais de 40 anos e é oficialmente natalense desde 2015. Foi professor universitário da UFRN e hoje é escritor reconhecido, tanto do público infantil como do público adulto. Castro é integrante da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN – SPVA/RN e da União Brasileira de Escritores – UBE/RN. Além de membro da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – ALACIB/Mariana/MG.
Atualmente José de Castro está participando da organização da Antologia comemorativa de 20 anos do gênero poetrix de poemas, com 55 autores do Brasil e de outros países. Ele também faz oficinas de prosa e poesia, abordando criatividade e imaginação no contexto literário. Atualmente possui três livros que serão lançados em 2018, em processo de publicação: O Palhaço e a Bailarina (CJA Edições/Natal), Brincadeiras Poemantes (CJA Edições/Natal) e Um livro um Castelo (Ed. Bagaço/Recife). Além de outros cinco livros já escritos e que esperam a oportunidade de serem publicados: Desditos Populares & Outros textos de humor, Ágata e sua gata estrela, Passarada (Ave Poema), Poemas Adolescentes e Palavratrix, brincando com as palavras.
As 12 publicações do poeta José de Castro contemplam poemas e narrativas: Infantis e infanto juvenis – A marreca de Rebeca (2002), O mundo em minhas mãos (2005), A cozinha da Maria Farinha (2007), Poemares (2007), Dicionário Engraçado (2012), Poetrix (2012), Poemas Brincantes (2015), Meu amigo paladar – um guia da alimentação saudável, em parceria com o poeta Antonio Francisco; (2016) e Vaca amarela pulou a janela (2017):
Traz poemas dedicados ao mundo animal (animais, aves, pássaros, répteis, dentre outros). O autor utiliza-se da rima, da sonoridade e do ritmo cadenciado das palavras para favorecer uma leitura agradável dos poemas, sempre com alguma pitada de humor. Indicado para o público infantil, vem sendo adotado em várias escolas do Rio Grande do Norte e também em outros estados da federação.
Uma coletânea das melhores frases que o autor criou enquanto colunista de humor, por dois anos, no jornal “Agora”, de São José dos Campos/SP. Além das máximas de humor, o livro traz também outros gêneros humorísticos, como anúncios desclassificados, eufemismos, conjugações esdrúxulas, poemas sociais e até mesmo um pequeno dicionário de economês.
Este livro contém um poema ecológico em defesa do planeta Terra. Em versos ritmados, o autor mostra alguns cuidados que se deve ter com o meio ambiente de maneira a se preservar o nosso lar terreno. E termina com uma indagação: o que você faria se tivesse o mundo em suas mãos? Vem sendo utilizado nas escolas para crianças de todas as idades.
Poemas dedicados aos seres marinhos. Inclui um poema homenagem às mitológicas sereias. Mas tem também poema de baleia, ouriço, peixe-espada, siri, cavalo marinho, dentre outros. E até mesmo um poema para aquelas mensagens que costumam ser lançadas ao mar dentro de uma garrafa.
Este livro, em 2009, foi selecionado pelo MEC para o Programa Nacional de Biblioteca da Escola – PNBE, com uma tiragem de 30 mil exemplares, o que garantiu a sua chegada à maioria das escolas públicas do país.
Pela sua beleza gráfica, viajou até a Feira de Bratislava, na Eslováquia, no ano de 2009.
Este é um livro de resgate das memórias culinárias do autor, que aprendeu alguns rudimentos da cozinha com sua mãe em Minas Gerais. Ele imaginou uma maria farinha cozinheira, divertindo-se com algumas receitas em linguagem poética, visitando alguns pratos típicos do nordeste, do sul e do sudeste. Este livro nasceu de dentro do livro POEMARES, onde estava o poema título… A cozinha da Maria Farinha. O autor, então, retirou o poema de lá e escreveu as receitas em linguagem poética para complementar o livro.
Traz poemas denominados de “poetrix”, um gênero de tercetos criado pelo poeta baiano Goulart Gomes. O poetrix, diferentemente do haicai, admite título e pode tratar de qualquer temática, não precisando se restringir às questões da natureza. Existe um Movimento Internacional Poetrix – MIP desde 1999 que congrega poetas de várias partes do mundo.
Este livro foi selecionado pelo MEC para fazer parte do Programa Nacional de Biblioteca da Escola – PNBE/2013, com tiragem de 32 mil exemplares, chegando à maioria das escolas públicas do país. Entrou também para o catálogo da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ e viajou até a Feira de Bolonha, na Itália, em 2013.
A personagem central é um adolescente, Flávio Eustáquio, que cria um dicionário de forma divertida, brincando de ressignificar as palavras. O livro traz a história de como o dicionário foi criado pelo adolescente, uma palavra de sua melhor amiga e também de sua professora, que o encoraja a publicar o livro
As ilustrações do renomado cartunista Roberto Negreiros ajudam o dicionário a ficar mais engraçado ainda, a partir de um traço rico que estabelece um diálogo e uma singular cumplicidade com alguns dos verbetes presentes no livro.
Resgata um pouco da memória de infância do autor em Minas, mostrando alguns dos brinquedos e das brincadeiras que existiam em sua rua. Pula-corda, avião de papel, iô-iô, pião, passa anel, roladeira, dentre outros que são abordados em linguagem poética.
Vem sendo adotado em várias escolas com grande entusiasmo, pois estimula as crianças a saírem um pouco dos jogos eletrônicos e terem mais contato físico e próximo uns com os outros.
O livro vai ter continuação com o BRINCADEIRAS POEMANTES, já em fase de ilustração, agora em 2018, e será publicado também pela CJA Edições de Natal/RN.
Esta obra reúne 122 poemas do autor, distribuídos em cinco seções: o eu poético, o eu lírico, o eu feminino, o eu filosófico e o eu navegante. Este livro, apesar de ter sido escrito para o público adulto, vem tendo boa aceitação pelos adolescentes. Marca a estréia do autor em livro de poesia para adultos.
É o segundo livro de poemas do autor destinado ao público adulto. Aqui o autor se dedica mais aos poemas minimalistas e faz algumas experimentações com o brincar com as palavras. Um livro que vem tendo uma grande aceitação por parte do público mais jovem. O livro foi dedicado ao autor já “encantado” Paulo Leminski.
Um texto de cordel (galope à beira mar), que abrange o universo da alimentação saudável. Traz um alerta sobre os riscos de uma alimentação desequilibrada, fala da importância da mastigação, do sono, dos exercícios físicos e da necessidade de se comer mais perto da natureza, com alimentos diversificados. Um livro que vem sendo adotado por muitas escolas no Rio Grande do Norte, tanto públicas quanto privadas.
Neste livro o autor faz o resgate de parlendas clássicas, como Hoje é Domingo, dentre outras, e vai propondo uma releitura ou reinvenção desses poemas que tanto vêm encantando as diversas gerações ao longo do tempo. As ilustrações da mineira premiadíssima Mariângela Haddad (Prêmio Jabuti de Ilustração/2016) enriquece demais a obra.
Este livro entrou para o catálogo da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, em 2018 e viajou para a Feira de Bolonha, na Itália (março/2018).
1. Brincadeiras Poemantes (continuidade do Poemas Brincantes). Já está em fase ilustração e deverá sair ate agosto/2018. (poemas infantis); CJA Edições.
2. O palhaço e a bailarina (prosa infantil) parceria com Clécia Santos. CJA Edições (já está em fase de ilustração, devendo sair até agosto/2018).
3. Um livro, um castelo– (poemas infantis). (Bagaço/Recife). Este livro já se encontra ilustrado e diagramado. Deverá ser publicado em agosto/2018.
4. Passarada (Ave Poema) – (poemas infantojuvenis). CJA Edições.
5. Ópera dos gatos (peça teatral, comédia musical infantojuvenil). Inédita em livro, porém já foi encenada por quatro vezes no auditório do Colégio das Neves.
6. Desditos populares & outros textos de humor – (juvenil) – CJA Edições
7. Poemas adolescentes (juvenil).
8. Palavratrix – brincando com as palavras – (poemas minimalistas – juvenis).
9. A história de Chico Pé de Canhão (cordel) juvenil.
10. A voz do silêncio (poemas para adultos)
11. Um presente para o Papai Noel (conto infantojuvenil).
12. Porteiras de sol em veredas de jasmim (prosa poética) (adulto/juvenil)
13. Quando as garças bailam pensamentos azuis (prosa poética) – adulto/juvenil
14. Memórias do bicho-menino (prosa poética) – adulto/juvenil
José de Castro deu no projeto poema de bom dia uma pequena mostra do seu universo poético. Aqui vamos mostrar as poemas que esse grande poeta gravou para o projeto e que pouco a pouco está sendo publicado em nosso canal do youtube. Vamos conferir?
O bode come
o que pode
E o que não pode.
Come capim,
Come sereno,
Come orvalho,
Come sapato,
Come blusa,
Come agasalho.
Come a flor
E come o espinho,
Come tudo
o que encontra
Pelo caminho
Come a erva
que medra
E come pedra.
Come a folha,
Come a rolha
E a bolha de sabão.
Tudo come e consome.
Lá vai o bode vida afora
Comendo feito um lorde
E morde, tritura e devora
Inteirinha
a lata de toddy.
E depois se sacode.
Lá vai o bode
comendo tudo
o que pode
E o que não pode.
Como é que pode?
Se eu tivesse o mundo em minhas mãos
Pediria ao Deus-Pai
E à Mãe-Terra
Mais sabedoria
Para semear
Entre os homens alegria,
Muita paz e harmonia.
Pediria também
Mais compreensão
Para fazer germinar
– em cada ser da terra –
O mais puro amor
No coração.
Poeminha na garrrafa
Foi lançado para o mar
Longe vai este meu verso
Na espuma a velejar
Poeminha na garrafa
Meu amor vai procurar
Sopra o vento, fura a onda
Não se deixe afundar
Poeminha na garrafa
Veio um peixe espiar
Curioso, bica o vidro
Cuidado, pode quebrar.
Poeminha na garrafa
Tem alguém a esperar?
Chega logo ao destino
“Para sempre vou te amar.”
É mais bonita que feia
A cozinha de areia
Da Maria Farinha
Maria Farinha
Não areia as panelas
Pois elas já são de areia.
Se quarto, sua sala
sua varanda
Tudo de areia.
Na maré vazante
Feito um laço de fita
Passeia.
Eis a Maria Farinha
De avental
Na sua cozinha.
Será de areia
A sua
Farinha?
Que comidas
Cozinha
A Maria Farinha?
O homem da roça tem força, tem raça
Seu dia começa mal rompe a aurora
Respeita a mãe terra, a fauna e a flora
E come as verdurs que vêm do seu chão.
Caju, acerola, goiaba e mamão
Riquezas que vêm do seu lindo pomar
Tem jeito correto de se alimentar
Então, meu irmão, eu falo contigo
Das coisas da terra seja sempre amigo
E faça um acordo com o seu paladar.
Quem é da cidade, que tal uma horta
E nela plantar alface, agrião
Pepino tomate e até pimentão
Alguns pés de couve, cenoura e cará
Jerimum e maxixe aqui também dá
E tem abobrinha, chuchu a florar
O verde da vida a nos sustentar
Plante cebola, alface e coentro,
Porque o tempero é também alimento
Comida cheirosa pra se degustar.
Não coma demais nem coma de menos
Evite os extremos, excesso de peso
É mesmo o calvário de quem é obeso
Procure o equilíbrio e busque a fartura
De folha, legume, raiz e verdura
A carne bem gorda é bom evitar
Prefira o peixe do rio ou do mar
Laranja, limão, banana e maçã
E beba o orvalho e o sol da manhã
Tudo isso faz bem ao seu paladar.
O ar puro do campo, a brisa da praia
O olhar da montanha, tudo isso alimenta
Nos enche de vida e a saúde sustenta
Também a leitura é bom alimento
O livro nos faz voar pelo vento
Ler é viajar, aprender e sonhar
Correr pelo mundo, se reinventar
Comer poesia, devorar o cordel
Melhor que quindim é o menestrel
Cantando galope na beira do mar.
Cadê a poesia daqui?
Poeta rimou
Cadê o poeta?
Tá buscando inspiração.
Cadê a inspiração?
Tá no coração
Cadê o coração?
Foi buscar a paixão
Cadê a paixão?
Tá vivendo de ilusão.
Cadê a ilusão?
Verdade comeu.
Cadê a verdade?
Tá procurando a justiça.
Cadê a justiça?
Tá com preguiça.
Cadê a preguiça?
Tá enchendo lingüiça.
Cadê a lingüiça?
Cachorro engoliu.
Cadê o cachorro?
Foi mijar lá no morro.
Cadê o morro?
Virou favela.
Cadê a favela?
Tá fazendo novela.
Cadê a novela?
Audiência estragou.
Cadê a audiência?
Perdeu a inocência.
Cadê a inocência?
Fugiu do país.
Cadê o pais?
Tá debaixo do seu nariz
Cadê o seu nariz?
Tá cheirando uma rosa.
Cadê a rosa?
Tá contando prosa.
Cadê a prosa?
A poesia levou.
Cadê a poesia?
Foi por aqui,
Por aqui, por aqui…
Rebola, rebola
E mexe as cadeiras
Bamboleia, bamboleia
E se sacode inteira.
Bambolê desceu,
Bambolê subiu
Menina de cravo e canela
Afina a cintura
Modela o quadril
Eh, bambolê!
Quase caiu!
Falta um fá
Naquela flauta
E ninguém nota.
Falta uma clave
Naquel sol sem porta
E ninguém se importa.
Falta um sol menor
Na tua dor maior
Um si_lêncio brota
Falta um tom
Naquele som
Faz flauta
Falta chuva
Na minha horta
Agora, Inês é torta.
Apenas palavras me barulham por dentro
Me baralham e me bailam
Me embalam e em mim se calam.
Meu casulo, minha clausura
É o verbo cela onde habito
Onde falo, onde calo o meu grito.
Grave escrita breve me agrava
Corta-me o silêncio feito espada,
Feito faca, adaga, fado de letra torta.
Verso leve me degreda e me condena
A ser escravo das palavras que me escrevem.
Minha poesia
é sopro de nada
Que vai a lugar algum.
Verso sem estrada
Vala cavada
num ermo comum.
Verso pouco
Quase nada
Verso poeira
Verso rouco
Me alucina
Verso louco
Verso pedra
Flor que medra
Cio eterno
Me fascina
Esse barco
Grão e arco
Navegando
primavera
Apesar de tudo, o poema insiste.
Afia o gume do verbo
E corta fatias de sol
Agudeza na poesia existe.
Palavra é faca afiada.
Quem sabe o lugar exato de cortar?
Cuidado, amigo,
Um simples adjetivo pode matar.
Pássaro-poema pousa
bem de leve no papel.
Nidifica a palavra
Choca os versos.
Depois, quebra a métrica,
Rompe a rima
E azula pelo céu.
Pluma, palavra,
Pássaro-poema
Pousa
E se faz canção
Em mim.
Tem dias que sou nuvem
Tem dias que sou mar
Outras vezes, cachoeira.
Mas posso ser montanha.
Gosto de ser pôr de sol
E areia espelhada
Lambida pelas marés.
Tem dias que sou chuva
Fabricando arco-íris
E tenho cheiro de infância
E de terra molhada.
Outras vezes, verso ao vento
Feito um triste lamento
Incessante a soprar.
Mas sempre me reinvento.
Tem dias que sou um grão de nada.
Nesses dias, sei que posso voar.
DOMINGO
Hoje é domingo
Tem briga de gringo.
O gringo é briguento
Bateu no sargento.
O sargente é abusou
Brigou com o soldado.
O soldado é baixinho
Apanhou do vizinho.
O vizinho é ignorante
Bateu no elefante.
O elefante é ruim de briga
Apanhou da formiga.
A formiga é valente
Quis brigar com a gente.
A gente de paz
Brigas, nunca mais!
SEGUNDA
Hoje é segunda
Um chute na bunda.
A bunda é a tua
Virada pra lua.
A lua é de prata
Brilhou lá na mata.
A mata é bem funda
Perdeu-se a Raimunda.
TERÇA
Hoje é terça
Batia a cabeça.
A cabeça é tão dura
Que nem rapadura.
Rapadura é um doce
Cavalo dá coice.
Que coice danado
Fiquei desmaiado!
QUARTA
Hoje é quarta
Te levo na flauta.
A flauta é azul
Tem som de nambu.
O nambu é escuro
Piou lá no muro.
O muro é barro
Freou o meu carro.
O meu carro é furreca
Levada da breca.
QUINTA
Hoje é quinta
Caneta sem tinta.
A tinta é vermelha
Escorre da telha.
A telha é peneira
Buraco, goteira.
Goteira de chuva
Molhou a viúva.
SEXTA
Hoje é sexta
Que rima mais besta
E besta é jumento
Levando o cimento
O cimento é pesado
Parece pecado
E pecado é comprar
E não poder pagar.
SÁBADO
Hoje é sábado
Avistei um cágado.
O cágado é lento
Voou pelo vento.
O vento é veloz
Arrastou todos nós.
Nós somos bem fortes
Voamos pro Norte
O Norte é bem quente
Queimou toda a gente
A gente assoprou
E a semana se acabou.
José de Castro também explora o gênero poético Poetrix. Poetrix é um gênero poético composto por três versos pequenos (terceto) contidos em um estrofe, que possui o limite de 30 sílabas métricas. Vamos a três Poetrixs do poeta José de Castro publicados no livro Poetrix:
Seja a vida
Longa ou curta,
Curta a vida.
Infância
soprada ao vento
colorida recordação.
Nuvem solitária
se veste
de luz e poesia.
Solidão calada
grita
no peito.
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Até a próxima!
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