A sanguinolência nos jogos é importante ou é só grosseria?

A sanguinolencia nos jogos e importante ou e so grosseria
A sanguinolencia nos jogos e importante ou e so grosseria

Agony é um game de “survival horror” desenvolvido pelo Madmind Studio e publicado pela PlayWay. Os jogadores começam sua jornada como uma alma atormentada dentro das profundezas do Inferno sem lembranças de seu passado. A habilidade de controlar as pessoas em seu caminho e até possuir demônios de mentes simples dá ao jogador as medidas necessárias pra sobreviver às condições extremas. O estúdio lançou recentemente um trailer de gameplay que me fez pensar se tanta sanguinolência é particularmente saudável pros jogadores. Afinal, tripas expostas é um elemento importante ou é simplesmente grosseiro?

Acho que o sangue pode ser saudável, desde que não cause trauma. Ele pode nos ajudar a aprender através do medo, porque nos força a experimentar o errado e o tabu – qual método seria mais seguro do que um jogo virtual como Agony? Primeiro, vamos discutir o aspecto do medo. Agony é um jogo cheio até a borda com imagens de mutilação. Isto é algo que qualquer um pode repudiar, pois todo mundo já experimentou dor e a maioria não gostou. Mas como isso funciona como uma experiência saudável? Pela mesma razão pela qual as igrejas estão cobertas de esculturas de uma certa pessoa crucificada e com feridas expostas. É um erro – ou punição – a qual todos nós podemos nos relacionar. O medo de tal punição está diretamente relacionado ao aprendizado de não fazer uma coisa “errada”. Não pequeis ou sereis punidos com esta dor. Não falhe no jogo, ou você vai se tornar o que você se esforça tanto pra fugir.

E a aprendizagem vai mais longe do que manter um sentido arbitrário de “bom” sobre o “mau”. Há também um tipo de aprendizagem instintiva acontecendo. Por exemplo, por um momento na demo do jogo, você vê uma parede de pedras sendo construída com bebês vivos como argamassa. Assistir isso dá uma forte sensação de repulsa e medo, forçando-nos a reconhecer o errado da situação. Você não deve assassinar bebês com pedras e você não deve prejudicar os bebês de modo geral. Uma habilidade de sobrevivência bastante decente, se é preciso adotar a abordagem darwiniana. Você não deve bater na cabeça de alguém com seu punho – como na cena final da demo – e você não deve cometer assassinato. Novamente, esta é uma habilidade de sobrevivência decente. Assistir à mutilação de Agony pode funcionar como uma experiência saudável porque faz você ter empatia.

Agora, o medo mais interessante que Agony nos mostra é a sensação de ser consumido. A imagem mais prevalente em Agony é as paredes de carne e portas cheias de dentes – alguém notou que eram dentes herbívoros? Oh não, dentes de vaca, que assustador! Muito parecido com Jabu Jabu’s Belly em Ocarina of Time, apenas com mais detalhes. Além disso, seu principal inimigo na demo é o demônio capra, cuja cabeça é uma boca grande pela qual você é consumido quando “morre”. Há um tema distinto de bocas e gargantas aqui. Isso significa que o jogador vai se sentir construgado e claustrofóbico – não há escapatória porque você já foi engolido.

Por que isso é saudável? Assim como com a mutilação, isso força você a sentir o erro. Vai ainda mais longe do que uma simples punição por fazer a coisa “errada”. Isso é algo muito pior do que a mutilação, porque você não pode curá-la, você não pode voltar depois dela. Você desaparecerá pra sempre. Pode lembrá-lo de sua mortalidade, que é uma lição extremamente importante na sobrevivência. Você não é invencível. Neste jogo, você pode facilmente ser “consumido” e seu espírito ser cuspido pra fora sem nenhuma consideração final.

Então, quando jogar Agony, não fuja da sanguinolência. Tente descobrir o que a torna tão nojenta pra você. Ela funciona como um simples castigo aprendido, um lembrete da mortalidade, ou ambos? O que é tão assustador sobre o tronco com quatro membros como caranguejo? A mutilação e o medo de ser devorado podem invocar um senso comum de punição pelos “pecados” e ajudar a aprender um senso de moralidade ou mortalidade, no fim das contas.

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